Excelência Reverendíssima,
“O tempo deixa perguntas, mostra respostas, esclarece dúvidas... Mas,
acima de tudo, o tempo traz verdades”. Essa frase, que não é de minha autoria,
aplica-se muito bem ao que vivemos, em Dom Basílio, do dia 02 até hoje.
Começamos a Primeira Visita Pastoral, com uma série de indagações,
frente à realidade paroquial que tínhamos e temos diante dos olhos. Do nosso
Bispo, recebemos respostas, conforto, encorajamento, esclarecimento de dúvidas
e propostas, nestes dias tão bons e, por que não dizer, tão bem vividos. No
entanto, qual é a verdade ou... quais são as verdades que o tempo da Visita
Pastoral nos trouxe?
Começo pelo nosso primeiro contato à entrada da cidade, dia 02, quando
eu disse “seja bem-vindo”. Vossa Excelência, de imediato, respondeu: “eis-me
aqui”. Essa expressão de disponibilidade tão sua, que é ensinada, sobretudo aos
crismandos, por ocasião da celebração da Confirmação, o seu “eis-me aqui”,
naquela hora, solidificou ainda mais minha convicção de que não estamos
sozinhos, somos rebanho com pastor próprio, presente, que sente e vive a nossa
vida de rebanho, pastor que tem o cheiro das ovelhas, e que pastor!
Depois de tantos cumprimentos, embalados pelos dobrados da Lira dos
Artistas, descemos avenida abaixo. O sol fazia o nosso rosto arder, mas era
como se o calor penetrasse também nossos corações e nos aquecesse ainda mais
para os grandes dias. Muitos de nós tivemos que nos esforçar para acompanhar os
passos do Bispo, meio apressado. No entanto, sua celeridade, Excelência, não foi
o bastante para ignorar cada idoso ou doente que, naquela auspiciosa tarde, pôde
ser, individualmente, cumprimentado pelo seu Bispo, quando, talvez, o máximo
que se esperava fosse apenas vê-lo passar. O sol, que confundia nossos olhares,
não foi capaz de ofuscar o de vossa Excelência para ignorar os que estavam às
portas ou às janelas ou sacadas das casas: um aceno, um sorriso, todos se
sentiram cumprimentados. Numa feliz coincidência, aqui neste adro, celebramos a
Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja, quando, na homilia,
Vossa Excelência nos fez ver que, também nós, por causa do nosso Batismo, somos
colunas da Igreja, talvez de segunda ou terceira ordem, mas sempre colunas.
Estava iniciada a tão alardeada Visita. Como foi bom ver cada encontro,
participar de cada celebração, observar cada gesto, ouvir cada palavra e falar
com nosso Bispo como se pode falar em família, com liberdade e espontaneidade.
Foram dias intensos, durante os quais se desdobrou o programado e se acolheu as
surpresas. Com palavras certeiras, Vossa Excelência cumpriu sua missão,
específica para estes dias, tocando em pontos particulares da nossa vida
eclesial e também social, manifestou sua preocupação com os problemas não só da
nossa Paróquia, mas que afetam a vida dos dombasilienses como a um todo. Penso
que vivemos e tivemos a amostra de uma Igreja em saída.
Da nossa parte, não sei se deu tudo certo, não sei se saiu a contento,
não sei se o Bispo vai embora feliz. Acho que sim. Mas a verdade destes dias,
tempo precioso, trago comigo, e agora faço questão de expressá-la: temos um
excelente e grande Bispo diocesano, aquele que olha por cima, não para dar o
comando das ações, mas para contemplar o todo, o conjunto das situações e, a
partir do seu olhar, destinar o cuidado específico, personalizado, impulsionado
pelo amor que vem de Cristo. Essa verdade, diuturnamente construída em treze
anos de convívio, vê-se corroborada por esta Visita Pastoral, e valeu a pena!
Valeu a pena falar incansavelmente desta Visita; valeu a pena aguardá-la,
antevendo surpresas, frutos do acaso; valeu a pena realizá-la, alterando nossos
horários, deixando atividades e encontros para depois, fazendo o nosso amor
esperar um pouco mais por notícias e até mesmo ter a impressão de que, com a
Visita Pastoral, caiu no esquecimento; valeu a pena deixar os medos de lado e
encher nossas almas de contentamento, como se tudo, absolutamente tudo,
estivesse bem. Ainda mais, valeu a pena viver esta Visita presidida por Dom
Armando Bucciol, a quem, orgulhosamente, podemos chamar de “nosso Bispo”. É
justamente ao nosso Bispo, nesta hora de indesejável encerramento, que queremos
dizer muito obrigado!
Obrigado, Dom Armando! Obrigado por tantas coisas: tantas ações, tantas
palavras sábias e de encorajamento, obrigado por cada gesto, cada celebração,
cada abraço, cada admoestação, cada sorriso, cada afago! Obrigado pela
tolerância e acolhida do que lhe foi proposto. Entretanto, ... muito mais obrigado
pela presença, nestes dias tão solenes e tão simples; oficiais como devem ser,
mas tão íntimos, como a natureza do ser família pede; tão diferentes, porque foram
de presença jurídica, mas tão nossos, porque pudemos confraternizar um pouco
mais, e é tão bom quando isso acontece!
Porque o tempo não para, chegou a hora da despedida. Ela nos emociona, contudo
não nos entristece, porque temos a certeza de que se, por algum motivo, no
desenrolar desta noite ou dos dias e noites que virão, algum de nós ou... qualquer um de nós, por menor que seja o
motivo, necessitar do nosso Bispo aqui, na primeira hora, de noite ou de dia,
ele virá e prestará, a quem quer que seja, o cuidado necessário, qual bom pastor
à sua ovelha. É maravilhoso ter essa certeza, dom Armando; e nós a temos,
porque temos um grande Bispo.
Muito obrigado!
Dom
Basílio, 16 de julho de 2017.
Pe.
Rinaldo Silva Pereira
- Pároco-
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