Livramento,
23 de julho de 2017
- Prezados irmãos no ministério episcopal: Dom
Roberto Carvalho, bispo da amada diocese mãe de Caetité, Dom Josafá, bispo da
diocese de Barreiras;
- Queridos Padres de nossa diocese de
Livramento e demais dioceses, sobretudo quero destacar a presença dos padres
Luigino e Alberto, representando o bispo Dom Corrado, da minha diocese de
origem, Vittório Véneto – Itália; e os Padres: Donisete e Daniel;
- Prezados Diáconos e Seminaristas;
- Estimadas Irmãs Religiosas;
- Respeitadas Autoridades, presentes ou representadas;
- e vocês, muito queridos irmãos e irmãs que vieram de
todas as paróquias da Diocese de Livramento de Nossa Senhora, e de outras vizinhas;
- Quero saudar também os ouvintes que acompanham esta
celebração pelas Rádios Portal FM e FM 88.
Desejo a todos a graça e a paz vos sejam dadas em abundância (1Pd 1,2).
Este dia marca para nós
todos, fiéis e pastores da Igreja Católica da Diocese de Livramento de Nossa Senhora um especial ‘momento de graça’. O Jubileu é, antes e acima de tudo, dia de
júbilo, de alegria e agradecimento. Por isso, queremos,expressar do profundo do
nosso ser, o ‘muito obrigado’ a Deus que nos escolheu
‘para servirmos à celebração de sua
glória, nós que desde o começo voltamos nossas esperanças para Cristo’ (Ef
1,12).
Celebrar os cinquenta anos
de caminhada é oportunidade preciosa para fazer
memória do que aconteceu, das tantas pessoas que construíram o que somos; significa
avaliar o presente, com suas
conquistas e limites;sonhar o futuro, planejando
os caminhos que o Espírito Santo aponta para nós. Em nosso essencial ‘fazer memória’, como esta praça nos recorda,
retorno luminoso e sempre vivo, o rosto do meu amado predecessor, Dom Hélio
Paschoal. Ele, com a colaboração de tantas pessoas, cujo nome só o Pai conhece,
plantou a semente, que cresceu, está crescendo. Dessa mesma semente, nós todos,
hoje, devemos cuidar. É a semente do Reino, que de Jesus recebemos e que o
Espírito fecunda e irriga.
À luz da Palavra de Deus,
proclamada nesta liturgia, quero destacar alguns pensamentos que iluminem nossa
vida eclesial e dêem mais sentido àquilo que hoje estamos vivendo. Na II leitura, o apóstolo Paulo escreve
aos cristãos de Roma e pede que o
Espírito venha em socorro da nossa fraqueza; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor com gemidos inefáveis.
Nós também pedimos que o Divino Espírito nos conduza. Para isso, é preciso
muita escuta, atenta e silenciosa, vivida na humildade e na oração. É preciso prestar
atenção, também, aos sinais dos tempos e às vozes que clamam em nossa sociedade
e pedem - como afirma a I leitura - que a pessoa de fé seja humana, isto é, solidária, justa,
transparente, acolhedora e fraterna.
O Evangelho apresentou três parábolas de
Jesus com o objetivo de explicar o que é o Reino
dos Céus. Fala-se de um homem que plantou boa semente e do inimigo que, de noite, semeou joio no meio do trigo. Jesus, ainda, compara o Reino comuma semente de mostarda, algo muito
pequeno, mas que tem em si a força da vida que faz crescer. Enfim, o Reino é comparado ao fermento que uma mulher mistura com três porções de farinha.
As três parábolas são como
um espelho em que cada um(a)e a Comunidade toda deve se espelhar para ver como
se posiciona diante da proposta de vida nova
de Jesus. Ele planta uma semente de vida totalmente humana, justa e fraterna. Porém,
o inimigo quer estragar seu crescimento. Quem é, logo nos perguntamos, esse
inimigo? Onde está? Responde Jesus: ‘não procurem longe, ele está dentro, de
nós mesmos e da Comunidade, da história. Não pensem nos outros; não julguem,
não condenem. A presença do mal acompanha a história humana e da Igreja, da
Comunidade cristã e de cada pessoa.
De onde vêm as dificuldades
para ser Igreja ao serviço do Senhor e de seu projeto? Qual rosto assume o
inimigo hoje? Para discernir, olhemos se, nossa atuação pastoral faz crescer fraternidade,
união e paz; se estamos semeando obras boas de justiça e de fé; se cresce, ao
nosso redor, o amor ao Senhor Jesus e a participação à vida da Igreja; se as pessoas
que nos encontram, veem em nós cristãos um reflexo de Jesus e de sua paixão por
uma sociedade mais solidária e repleta de vida!
Essas são alguns aspectos para
avaliarmos se o nosso ser Igreja responde aos apelos do Senhor. É verdade,
somos pequenos, temos meios limitados para realizar o projeto pastoral; às
vezes, somos fracos e o pecado nos fere. Mas, se formos seguidores apaixonados
de Jesus, qual pequena semente de mostarda,
se em nossas veias circula o sangue do amor do Senhor, então, com certeza, a
força rompente da Palavra abrirá sempre novos caminhos à missão. Esse é o fermento na massa: a alegria contagiosa
do Evangelho de Cristo,que vai se expandindo e nós “não podemos prever” (EG 22)
para aonde essa força nos conduz se deixarmos que ela nos leve em suas asas.
Nesses pensamentos que o
Evangelho me sugere, está como que encerrado também o meu sonho, na busca de acolher
o sonho de Jesus que eu sou chamado a manter vivo em nossa caminhada de fé. Consiste
num intenso desejo de ser Igreja - Comunidade fraterna, que se alimenta e
vive da Eucaristia que celebra, para construir e ser fermento de comunhão, isto
é, de união entre as diferentes classes sociais, entre as diversas opiniões e
opções de vida, seguindo o ensinamento e o exemplo do Senhor.
Hoje, nesta Eucaristia, como
irmão entre irmãos e irmãs de fé, peço a todos para que retornem às suas
casas e procurem ser famílias que procuram paz, fidelidade, diálogo e carinho; famílias
onde os filhos respiram respeito e confiança, aprendem as leis da vida e da
verdadeira religião, feita de atenção recíproca, laboriosidade e esperança, apesar
de tudo.
Peço, antes de tudo, aos meus
primeiros colaboradores, os padres, que juntem forças com todos os leigos
e leigas que mais de perto partilham e colaboram no serviço do pastoreio, para
sermos Igreja mais e mais missionária, isto é, Comunidade que, alimentada
pela Palavra e pela Eucaristia, vai,sem medo, ao encontro de todos; dos
afastados e indiferentes, dos tradicionalistas e desconfiados, dos fragilizados
e excluídos, comunicando a todos Jesus, o Filho de Deus, o Verbo que se fez carne
e veio até nós para nos salvar; Ele nos transmitiu esperança, nos deu luz e
vida; Possamos, assim, com ardor e entusiasmo missionários, sair e anunciar o
Evangelho em todo canto, a todos.
Ainda, neste mundo tão dilacerado
por discórdias e por tantas formas de violência, a Igreja que sonho e que amo, como
discípulos missionários, saibamos viver sendo “humanos” – como apontou o
autor do livro da Sabedoria: sim, o justo
deve ser humano. À escola da humanidade de Jesus, seremos fermento de uma nova humanidade.
Por
isso, pedimos, com o apóstolo Paulo que o
espírito venha em socorro da nossa fraqueza.
Esse pedido que a Palavra
nos proporciona, é para todos. Ninguém, portanto, sinta-se excluído, ao contrário,
juntemos forças na construção de cada Cidade de nossa Diocese tendo o
“compromisso com um mundo em que seja, efetivamente, reconhecido o direito a nascer,
crescer, construir família, seguir a vocação, envelhecer e morrer naturalmente,
crer e manifestar sua fé” (Diretrizes Gerais 65).
Nesse compromisso, como sabemos,
“a caridade... pertence à natureza da nossa Igreja, é expressão irrenunciável
da sua essência” (cf. Deus Charitas est
= DG 66), que pede a opção preferencial
pelos pobres, para seguir a Jesus não de forma triunfalista, mas imitando Ele, “que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua
pobreza” (Bento XVI, Aparecida, n. 3). Esse estilo deverá se tornar concreto em
nossas escolhas, estruturas e prioridades pastorais (cf. DG 66).
Irmãos e irmãs pedimos a Nossa Senhora do Livramento que nos
livre de todo egoísmo, orgulho, ganância, divisão e medo. Ela que, com humilde
coragem e total disponibilidade se ofereceu ao projeto do Pai e acolheu em seu
ventre e sua história o Filho amado, Ela nos ensine, a todo dia, o que significa
acolher Jesus em nossa vida, pessoal e eclesial. Possa em nosso segundo
cinquentenário a Igreja local que hoje sirvo como sucessor dos apóstolos,
tornar-se Igreja sempre mais humana, fraterna e missionária, sensível
aos apelos do mundo, sobretudo dos mais pobres; uma Igreja que se alimenta à
escola da Palavra e com a força da Eucaristia, para amar com ardor e servir com
ao amor do Senhor. Assim seja.
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